sábado, 19 de julho de 2014

tudo é escuro



você não entende por que todos os passos da dança de giz são sempre passados dentro de um livro de anatomia. porque toda linha conflui e floresce sinuosa entre dentes. e obsessão é pouco. para compor essa corpografia, o médico entreteceu com ticiano alguns mistérios que não se servem em taça. e é preciso, para isso, saber manejar as facas. esses olhos que enxergam dentro não abolem vespas, sobremesas, cochichos, causos de animais fantásticos. o ombro renasce simples, pleno, torto, desde antes de vasari e até dos vasos gregos. esse que dói de desenhar dentro das ombras. as obras, não há.



xerox, desenho, colagem, julho de 2014

quinta-feira, 10 de julho de 2014



um aperto de hora e meia
pode ser dia inteiro

o sol se intermezza
só nos meios

só quem se interessa
está inteiro

onde tanto dentro se desmorona
ao mínimo vento








colagem e tinta industrial. em processo, 2014

terça-feira, 8 de julho de 2014

segunda-feira, 7 de julho de 2014

esse furacão são os olhos das professorinhas que exaltam-se a cada palavra-diabo pixada pelas esquinas, a cada aniversário das crianças, a cada pedaço de bolo-gula do velho frade fazendo crochê, e sempre gritam: excomungados! excomungados! excomungados! como vamos explicar aos nossos pimpolhos que piolhos como aids em banheiro e que os guardas se guardam dos ais nesses cofres públicos e que as polícias batem e que pulgas, gafanhotos, cachorrinhos e sacis sempre nasceram ontem. 



terra sigilata,  21 x 14 x 10 cm



esse furacão são olhos que voam lentos quando começam os treinos e nos primeiros tempos são brisa de flautista irrompendo no quarteirão e nas quartas de final ribombam na mão dos anjos: essa é a sétima trombeta, cuidado com o capeta, os nazis sufocam.