terça-feira, 9 de julho de 2024

Reativar: ação

 

Estou reativando algumas páginas aqui do blog, revendo materiais, fechando originais que estavam abandonados e arrumando a casa|arquivo dos meus trabalhos, aos poucos. São inúmeras as ações necessárias para dar curso aos novos movimentos desses processos, muitos deles sem guarida e sem finalização há mais de década. Na semana passada, retomei colagens em alguns livros de artista que estavam parados desde 2018 e -- quem diria -- finalmente, eles encontraram a solução que era a deles. Recortei muitos livros mortos, entre eles um belíssimo exemplar todo esgualepado de uma enciclopédia publicada em 71. Quatro telas em finalização receberam os recortes do mesmo volume dessa Conhecer que não se publica mais. Dos livros mortos, vou fazendo coisa nova, dispondo a contrapelo as vidas resistentes entre tempos destroçados. 











Nos últimos dias, venho trabalhando o pdf. da nova edição do Rumor da casa que sairá em formato digital gratuito, com atribuição de domínio público. Reencontro dramas, poemas que não parecem transcriáveis em texto, que existiam como performance em outras materialidades. Alguns deixo para trás, outros recordo de cor (de coração) para inserir nessa versão digital, outros repenso, 20 anos depois, como sementes de trabalhos que realizei de lá pra cá, perseguindo promessas. É bom olhar pra trás e perceber que aquilo, se não tem o valor estético avulso que eu gostaria, vale pelo que irradiou e incomodou, gerando novos movimentos. 

Entre os processos recentes, está o de um poema longo, em 12 parágrafos-movimentos, que pretendo finalizar em áudio e disponibilizar online como podcast. Um poema sem pontuação, que namora com a prosa, mas foi composto em regime de entoação, com trechos cantofalados e cantados. A ideia é que ele circule em um audio, uma faixa para cada movimento, mas faz sentido mesmo é no conjunto. Esse poema foi inteiramente composto agora em 2024, junto com uma novela que escrevi e fiquei sem coragem, por enquanto, de reler. De molho em molho, nessa ilha fria, lá se vai a metade de mais um ano já tão maculado pela violência das águas. E pretendo ainda, nos próximos meses, fechar essas novas versões também do Desconjunto, que fez 20 anos em 2022, e do Depois da água, que faz dez anos em agosto :-).