Um cálice eterno − eternas
férias.
Voos de percevejo
por debaixo dos colchões.
Areia movediça
em sons e
fúrias do sono
sob os pés que
abrasam, no peito,
o vexame de ter dito améns.
Etéreo milho
estalando por entre os joelhos
que ainda com os pés me pisam
no sono-verdade dos tempos
em tempos, se abrindo e fechando,
matéria noturna das horas.
Pelas paredes, tudo pesa,
a malemolência dos minutos
desgasta-se em sons, fulminando
figuras
de baratas amarelas entre cartas
nadando
no pó
ora líquido
dos passados.
E os sentidos, não invento −
espreguiço.
*poema do livro Desconjunto, de 2002, revisto em uma manhã de domingo, em 2020.