Velo o vento



- Performance:


Roupa branca feita à mão com retalhos: pano de prato, toalha, lençol e renda.
Ar livre (grama) (pedreira) (ou mina de carvão)
Um livro grande, capa dura, lombada dourada: Encyclopaedia Britannica.
Páginas repletas de plumas.
Folheia-se.
Sopro de plumas.

Balão.



Velo o vento. Gravura, 22 cm x 29 cm, 2013.



O vento não tem onde se deitar.
A casa do vento é a terra inteira.
Ele mexe folhas, galhos, sacolas plásticas. É nos outros que aparece.
O vento uiva e sibila.
Anaxímenes o quis um princípio fundamental das coisas. Arché.
Olhar o mar de pescaria pelas ondulações – esta é a verdadeira história de Nossa Senhora Aparecida.
Pois o vento pode, quando quer, ser um nada ou ser um peixe.


São João inaugurou todos os começos com o Verbo.
O Verbo é Vento, isso que sinto na respiração.
Meu corpo tem que estar cheio de ventos, senão não vivo.
O vento, por isso, é palavra.
Ensinaram-me quando criança que parar de pé é não voar no vento. Por isso eu precisava comer bastante e obter títulos.
Mais tarde, um professor de Filosofia media a importância dos livros pela habilidade que eles possuíam para parar de pé. Então escrevi:
Livros grossos param de pé.
Folhas, ao vento, dançam.




Livro de artista. Tecidos, papel alumínio, feltro e linha. 12 cm x 14 cm. 2012.



Velo o vento é também um trabalho sonoro composto por áudios gravados e editados em 2013. A maior parte das faixas propõe uma reflexão acerca da poesia e seu alcance.Há paródias sonoras de poemas célebres da literatura brasileira, reconstrução de textos de Rumor da casa e áudios compostos por ruídos corporais misturados aos sons da natureza e da cidade de Florianópolis. Agradeço carinhosamente o incentivo da professora-artista Raquel Stolf (estes áudios foram desenvolvidos durante a disciplina Multimeios).



Para ouvir as faixas, clique nos títulos abaixo:




Ondina








Monotipia, 21cm x 29cm, 2012

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Ouça a faixa Corpo de coeur

no site Tapin2, do poeta francês Julien d'Abrigeon