domingo, 3 de junho de 2018





enciclopediáveis / colagem e acrílica 50x50 / 2018








estudos Imagine Magenta I / acrílica, carvão & oilbar sobre papel acrylics A3 / 2018







No fumo esvoaçante das melodias
descanso das idas ao ônibus onde
esperam gatos mortos e as velhas
avós tricotadeiras.

Passo pelos campos de névoa e pesadelo
então um dos gatos, o menor, explode em unha
− não o convidei para a cantoria
quando o samba ardia sobre os telhados.

A pele se adensa de suores
ao lembrar do brinquedo de lã, a bola
que dele roubei
para fazer uma manta
− echarpe de bailarina
entre rodas.

e antes que ecoasse mais um
milímetro de som
aperto firme
o botão do controle remoto.







me deixa eu ser assim, só um pouquinho modernista 
(processo) / óleo e bastão oilbar sobre tela 50x50 / 2018







de dentro da matéria escassa: braços, ossos deslocados. de dentro da matéria escassa vai sair um som. tímpano, ouvido médio, tambor. não, uma banda. vai sair a orquestra dos pequenos seres cinzas espalhados em cima da tumba. lá dentro. quando quiseres sair, estará fechado, roncando. e o pôr do sol aquecerá as crianças que brincam de roda, em cima do grande morro. onde seres se reluzeiam. tu assistirás ao espetáculo em cabine especial. sim, o som inédito. o branco em branco se confundindo. tu serás o único participante, único pagante desse ingresso caro-caríssimo. e quando gramíneas começarem a crescer ao redor, já não haverá figuras senão formigas. grama verde vai jorrar em cima do teu corpo. e mais e mais cigarros serão queimados pelos transeuntes. pelos acidentes, pelas lotações. nada disso será tua matéria, nada de homens presentes. senta-te calmo, já vai começar.









meus petróleos, monotipia & serigrafia sobre páginas de enciclopédia



Um cálice eterno − eternas férias.

Voos de percevejo por debaixo dos colchões.
Areia movediça em sons e fúrias do sono
sob meus pés que abrasam no peito
o vexame de ter dito améns.

Etéreo milho
estalando por entre os joelhos
que ainda com os pés me pisam
no sono-verdade dos tempos

em tempos se abrindo e fechando
a matéria de noturnas horas.

Pelas paredes
tudo me pesa
a matéria mole-dura de minutos
desgasta-se em sons
e fulminantes figuras de
baratas amarelas entre cartas
nadando no pó ora líquido dos passados.

O sentido eu não invento − espreguiço.




* nova versão para um poema do livro Desconjunto.