quarta-feira, 10 de fevereiro de 2016


Narciso Mallarmé fala pelos pés lavados, pelo calendário, pelos pés cipós.
Escrever com os dedos nágua, chorar, e então.
A forma do dissoluto onde soçobram buracos        do dia ontem, do dia quase, da contradissolução.
O pano de fundo para o ciclista que não coube no quadro de Degas.
A viatura da forma, em algumas horas de voo: não coube no quadro de Degas.
A vírgula é o nome dos cabelos que esqueceram de cortar, e o menino cresceu, e as mechas não constam no álbum de mamãe.
Assim o pêndulo, braço de ginasta, roda de bicicleta: vestígios da sexta-feira que não foi.
Houve atropelo de tropas que se vigiam por praças desacordadas.
Claro que é assim que se faz pesquisa. Houve um momento quando sem luz. E era morno e confortável, e não se tinha compromissos.
Houve um momento de espelho quando a sala dormia, e outro de olhar para dentro, tão dentro que descobri águas termais.
Não acabavam mais.
E houve este momento caderno azul, quando os formulários já estavam todos preenchidos.

E ainda assim Narciso canta porque não compreende a mágoa das margens.