Narciso
Mallarmé fala pelos pés lavados, pelo calendário, pelos pés cipós.
Escrever com
os dedos nágua, chorar, e então.
A forma do
dissoluto onde soçobram buracos do
dia ontem, do dia quase, da contradissolução.
O pano de
fundo para o ciclista que não coube no quadro de Degas.
A viatura da
forma, em algumas horas de voo: não coube no quadro de Degas.
A vírgula é o
nome dos cabelos que esqueceram de cortar, e o menino cresceu, e as mechas não
constam no álbum de mamãe.
Assim o
pêndulo, braço de ginasta, roda de bicicleta: vestígios da sexta-feira que não
foi.
Houve atropelo
de tropas que se vigiam por praças desacordadas.
Claro que é
assim que se faz pesquisa. Houve um momento quando sem luz. E era morno e
confortável, e não se tinha compromissos.
Houve um
momento de espelho quando a sala dormia, e outro de olhar para dentro, tão
dentro que descobri águas termais.
Não acabavam
mais.
E houve este
momento caderno azul, quando os formulários já estavam todos preenchidos.
E ainda assim
Narciso canta porque não compreende a mágoa das margens.