quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016




nenhum Relógio tem mãos limpas. eles trabalham na surdina, onde nenhuma força não-oculta pode enfrentar a força da leveza. Relógios gostam de abandonar-se às novidades que só eles enxergam. com isso, destroem certas vidas. principalmente aquelas que estão preocupadas com os seus amanhãs. Relógios não aguentam de paixão a cada vez que há algo nunca visto no ar. bailam bailam até acontecer o alvoroço. os alvoroços são em número de três: alvoroço-nuvem, aquilo que ofende; alvoroço-paisagem, aquilo que dá forma; alvoroço-reclusão, aquilo que necessariamente modifica os estados da barriga. os Relógios não agem apenas na barriga dos seres vivos, mas também na barriga das pedras. e aí é que está o seu maior perigo. porque milênios podem se alvoroçar em segundos, e as órbitas da acomodação se desfazem. os Relógios são os primeiros malfeitores de tudo o que produz.