Antes eu era simples
e até sabia
escrever.
Era menina em sol ardente.
Ver o grande Ser e seus entes
não era minha
tarefa.
Eu − eu era simples − podia
tê-los
porque tinha olhos lúcidos
as mãos suavam
e o vento batia o batente
sacudia ainda
os cabelos.
Agora
perdi um jeito de estar
distraída.
No que sou é impossível
decifrar composições.
Nem tenho fácil, brisa fumaça:
− só a música.
Ouço
dentro do ar fechado
entre paredes brancas
E nunca aprendi a cantar.
*poema do Desconjunto revisado.