Um aquário escorre pelos seus
cabelos enquanto as teclas não dão conta de mostrar como é que se impermanece.
Você também é professor, à sua maneira, mas não precisa registrar notas no sistema. Deixo os dígitos dançarem para
lá e para cá, como em Debussy, cada vez que a umidade reaparece desde os rios
da sua voz. Já fui uma daquelas que apreciavam o presente e não saberiam
contê-lo, mas também não se dispersavam. Agora não. Assim, com a voz, com os
braços, e gritando ritmadas essas coisas meio não, meio talvez, e meio seiva,
sou bem isso que escorre pela sua voz. A plenitude do som vive no seu rosto que
some a cada partícula de segundo, eu me misturo, sou todo esse não tempo que se
difunde como se fosse um último. Você selva e todo índio, tão fora de toda ordem,
também, tem uma forma de estar à prova e é sem tropeçar. Não registro a sua
nota. Você essa voz veludosa que acorda os espíritos da crianças. Avalio os
peixes de tantas cores que escorrem, peixes fuga, rios sonata, peixe-espada e
peixe-mulher salpicam pelo prumo da cachoeira que em você me rebrilhou. Mas ainda
me pergunto e me cutuco por que você só mora no azul. Não tem onde?