segunda-feira, 15 de janeiro de 2018




Pus arruda até no chimarrão,
e vocês não saíram da minha cabeça.
Pus os pés no pensamento para dizer tudo
o que imbecilizam. E não escrevi nada.
“No que você está pensando?”
O gesto meio rock sem
saudade dos anos noventa
quando éramos todos fora fhc
fora fmi e de mim ninguém dizia
que era aquela, aquela que foi presa,
na feira, aquela clara,
meio gorda, meio magra,
ah, sim, a loka da serigrafia,
uma que faz filosofia, a que tem
uns cabelos assim assim
e nunca vem com a gente? Que nada,
ela estava ali na frente, mesmo agora,
sem saber no que estávamos pensando.
Passeavam passeatas para todos os lados,
bombas, frutos e socos revolutos
mas apenas em muitas linhas
e eu dizia comigo mesma:
“Deus-me-arruda, não-me-arruda”
“Deus-me-arruda, não-me-arruda”
porque pode ficar pior, e
essas linhas não são de ônibus,
não andam a pé, não sobem morro,
são só vozes que às vezes pedem
pouco mais de muitas malandragens
para pôr na sopa. Já não tenho saudade
dos fora dentro, e dentro fora,
no museu da minha mão. Aqui eu acho,
quando não quero, tantas correntes
quanto as rugas dos velhos ismos.