segunda-feira, 14 de maio de 2018





Caguei verdaccio,
bem no meu aniversário.
O cago saiu assim puro, malcheiroso, uma mistura
perfeita entre amarelo ocre e preto de marte.
As zonas de sombra, onde a merda se concentrava,
contrastavam com a aoréola de luz
que circundava a figura.
O fundo está perfeito, pensei.
Tudo eficazmente delineado.
Se precisasse disso numa tela...
E para que seria?
Por que isolar assim arte e vida?
Caguei verdaccio,
uma verdadeira base
para a primeira camada da obra prima.
Assim, de repente, bem no meu aniversário.

Num ato radical de desapego,
devo puxar a descarga.
Essa é a primeira vez em que vejo
um verdaccio alla prima,
paradoxo pictórico,
completo, perfeito, pintura de musgo,
tela diarreia.

É assim a arte dos nossos tempos.