Como um poste que vomitou escombros, meu corpo
de pé na calçada, equilibrando no ar uma fala enviada e recebida, erguida como
um não, não um falo, uma fala, visualizada e nunca respondida, aflita como uma
saia, andando rápido, agora, agora copiando os passos, pliê, granpliê, degagê,
já exausta, justaposta aqui entre os júris, sustentando os joelhos, e o público
que grita: ela sim, ele não, ela não, por que sim?, se quiser gostar de mim,
sou afim, entre sussurros doloridos, dizimada como uma casa, cuspida em caliça,
aflita como uma sala, mãos ao alto, pés no chão, um salto, sempre depois do
pliê, passê, degagê, developê, e gira.