garras na garganta
agonizando
figura geométrica ou quase
quantificação dos cílios
perícia dos instantes
peripécia bárbara
bigorna do tempo relógio
lógica difusa entre dentes
demônio da situação
nas demoras consagradas
do cotidiano
garras na garganta
porque o tempo é grave
é de não dizer
é desfazer as grades
e as simetrias
é de engolir espadas
e águas frias
é de engodo padrão, é de
porquês no lodo
é um tempo lambisgóico
são gotas de momento
que não sussurram
garras na garganta
de molhos agridoces
de salsas e de palmas
que sempre reverberam
no vácuo
são garras escorregadias
que ninguém vê
que ninguém sopra
que sobram de bolhas
de sabão
são brisas altruístas rótulos
tipos de mercado e
parafusos são fusos
horários que não encaixam
na garganta
são granadas enganadas
e são nadas que pesam
como livros de coucher
como lindos avisos
e louças de casamento
são momentos idos,
são tios do instante e sobrinhos
são sobras e sucos
de pontas de canetas
alfinetes na garganta
gargalos de garrafas
e coisas congeladas
como preços no passado
como tempos abraçados e
montes de momentos
pétreos e féretros
que engolem
engolem
engolem