segunda-feira, 12 de setembro de 2016




Ortned é um rei sem reino. Ele vive às espreitas, um rei nu e sem vídeos na internet. Um quase desconhecido pelos seus súditos. E desconfiado. A cada margem de erro, a cada marca no papel, a cada gesto despercebido, Ortned vibra do outro lado do mundo, Ortned se infla sem que ninguém proteste. Suas leis, por isso, sempre se cumprem. Ortned gosta de calar os instantes, os bobos pensam que são muito e falam, falam, falam. Ortned guarda todas as informações. Depois vende para outros reis desconhecidos, e os sujeitos passam a ter dor de dentes. Há estragos em máquinas de lavar e pequenos tombos. Ortned também é a salvação das situações mais aflitivas, quando há lapsos entre aquilo que as pessoas sentem e o que se pode pensar. Orned mora naquilo que é informulável. Por isso, para reinar não precisa de formulários, carimbos e requerimentos. Basta um momento para vê-lo, majestoso, quase sem seguinte.