segunda-feira, 17 de outubro de 2016




você quer ver de novo 
aquele que é velho 
e aquele que se veste 
em listras brancas e azuis. 

o gênio, o bamba, o Genet, 
o que nunca se sacrifica. 

você quer ver de novo 
o que não pare
e o que não para nem
nasceu para seu pai.
o que abunda em rios 
e em montanhas
o que faz gemer a terra
e te atiça como 
prova e professor -
o ator -
o só cabelos brancos
atalho de antanho
de nuvem, de motivos.

você quer rir de novo do de
raivas
de nenhuns amigos,
o nu no supermercado,

o do abismo, o abismado, 
o mal amado e
o cabeçudo e
o caralhudo e
o otário

o só salário e
o salafrário,
o que te traz de novo a manhã.

você quer ver de novo,
você é o ovo, 
ele o ele e o ela, 
o sigismundo
o Sigmund Freud

o frio o freund o azulejo
o Alentejo e
o cara de pau, a pia bastismal,
de cortiça, o bacanal,
aquele que não cabe nos óculos.

você quer ver de novo 
o carismático e o asmático
o másculo 
o mouro 
o molhado 
o milho e
o amanhã,

o Plínio douto o sábio
o sabão e o mouco, 
o que não destrava so dentes, 
o destroçado, 

o dançado em drama de esquina,
o esgrima,
o xamã

você quer
o que nunca se despe
o incriado e o mal criado
o infiel e o dono do quartel
o mercenário e
o troco não trocado

o nada de nenhum,
o Um e o mais um. 

o úmido, o deslocado
o trovador e o tronco
o monstro da lira sem cor, o intruso,
você quer,
o confuso, o Confúcio, o florido,
o todo amor e o tanto desamor.

você quer ver de novo, sim,
o incômodo, o iniciado
o Confúcio, o amigo e o amado, 
o enfim oferecido, aquele que.