segunda-feira, 27 de março de 2017




A cobra, de manhã, despencou desde os meus bushes mais altos e parou bem na frente do portão. Que que aquela cobra tava fazendo há mais de dois metros do chão, tava caçando instantes esperando que ninguém passasse meus olhos olham a cobra quero sair de casa não posso parar de olhar fingir que não existe ali parada com a cabeça no caminho a cobra armada como um bote para nada como se jogou lá de cima como foi parar lá em cima a cobra anda escalando a cerca a cobra desce a cobra sobe a cobra se esconde nos arbustos a cobra espera um momento em que não seja mais nada mas o momento não vem estou aqui olhando-a estou aqui devorando a sua carne fria que brilha no sol da manhã eu quero sair quero ir para a praia a cobra não deixa a cobra não me olha mas ela sabe que estou aqui a cobra cobra de mim uma atitude que não quero ter nem sombra de tirar a cobra dali nem sombra de coisa na mão quero acariciar o sol a cobra sabe que não sei como ela foi parar ali ela sobre ela desce ela navega entre as duas faces do portão se enrosca em grades ela aquece um pouco o momento no qual quase penso em falar para alguém que há uma cobra e procuro me distrair  dizendo para mim mesma que é melhor não me cobrar e vou colocar roupa para lavar na máquina