quinta-feira, 15 de outubro de 2015



não ponha pingos nos meus is, ponha pratos na minha mesa. não suponha que estou sempre certa. e que você, prateado assim à lua cheia, virará maré de sempres. a vida não pede desculpas pelo prazo a mais que nos concede para excomungar as lagartas do jardim. não ponha o lixo  no saco de lixo, é tempo de composteiras cheias. não proponha eliminação dos bichos grilos pelas pisadas dos elefantes e dos gatos, dependendo da situação. esses não-me-toques que não adiantam. às vezes, é hora de borrifar veneno e queimar os restos das árvores mortas. é preciso saber o momento de topar com o vidro, porque quando é também uma hora de não ser. a água se recorta desde o fundo da imagem, e fende. vira faca afiada para as coisas que ninguém viu. aquele sussurro no meio da multidão, sua boca assim de lado, falando meio fechada para os passos apressados do metrô. não peça para que eu diga nãos porque fui feita da matéria dos zelos. somo os zeros com zeros à direita, prevendo os golpes que irão nos deixar famigerados no destroçamento da família, nas lavagens dos pratos e do dinheiro, mas com a linha amarela a ser cruzada diante dos olhares gringos dos que não entenderiam o que você fala. por isso, pare de murmurar, diga logo o que nos faz diante do metrônomo algo que ainda não finda, ou pelo menos por enquanto. sei que há contas que só se pagam em euros. e há pilhas e pilhas de notas falsas e há pilhas e pilhas de notas irreais na gaveta do marqueteiro. por isso são políticos, eles, e nós produtores de prazos elevados. não manque, não se zangue, marque no seu calendário a visita dos bolos, dos bifes, das aves recheadas e das sobremesas várias feitas com a moeda dos dias de festa. não se esqueça de colocar um sim ao lado do guardanapo. logo estarão todos presos. e nós, processos.