Uma mulher
sozinha no apartamento.
No frio do carpete sujo
que aquece os pés,
nua. Completamente nua,
sentada,
olhos que se evolam
pelas paredes,
vitrais do quarto.
O computador faz ruídos, às
vezes.
É esquia e magra:
vazia
é tia, avó, irmã, sem nexo.
Está nua e só frente às máquinas.
Não há faunos. Florestas foram
concatenadas
no seu pensamento.
Em que pensa uma mulher
sem cajados
sem vestido branco
na brancura da pele lisa?
Seria mais de meia-noite
e haveria livros pelo chão,
todos abertos:
ela abre a página,
mói o livro
joga o livro −
e vem sentar-te ao meu lado,
Lídia.
− Ela vigia o branco
pelos espaços de folhas
entre linhas tão correlacionadas.
Ela saboreia relações, depois:
joga.
Joga fora,
no chão acarpetado
do apartamento,
joga e ri.
E vem sentar-te
à minha frente, Lídia
não sou tão máquina
que não possa causar
no teu ventre
um espasmo cheio de palavras.