domingo, 6 de setembro de 2015

não me diga Voltarei, Volto Cedo, o intervalo não é de almoço. o intervalo é uma folha de almaço toda quadriculada. sobre ela, se rabiscam símbolos como os dos oos cosmológicos que pessoa adivinhava. não me diga que Pessoa se punha de pé antes de anoitecer só para dizer que seus cálculos desdeziam. todo o cálculo desmente, mas não é para pôr recados em cima do balcão do bar que esta caneta serve. ela cede ao vácuo, à frente, à tentação de se ir de volta ao mar refugiado. não me diga Panta Rei, oh Vias Crucis de santos soslaios, porque o dia do Divino já passou e anjo nenhum comprou corujas. na feirinha de artesanato havia leões, patos, cachorrinhos, e todos os anjinhos queriam o mesmo agrado: um tambor para tocar antropologias sempre que se põe um preço no papel.