domingo, 1 de maio de 2016


De todas as tochas
esse fogo que aprisiona
e dentro dos teus olhos
se mantém          musgo
      fogo vesgo   
      que não quero olhar.
De todas as serpentes
uma que ri no teu sorriso
                   e ama
nem a calma nem o molho.
Sorriso frio        Sereno             
              sem lume
   – seu pássaro incandesce
e não voa senão quando
envolto em correntes, canta.
Dessa liberdade, uma
de percorrer latentes
e patenteadas latitudes
de jogar no rumo do sol
teu corpo, assim, o olho
nu – não cheio que te traga
            mais     poeira
nem fite         um céu
que se guarda em sol
mas reluz no negativo
que é noite     jaz na foto
como a palavra epitáfio.
         Esse fogo
dorido que não queima
e quer            e não arde
         não quero.
Quero o que se consume
na garganta aberta – o giro
de girassol.


Poema publicado no jornal Ô Catarina nº 84.