oh por que esses olhos tão grandes por que essa barba oh por que tão grã-fina oh por que os laços nas tranças oh porque nas esquinas oh porque diamante oh por que mentes e transas oh por que tantas naus e antes nem tínhamos a mínima vergonha
diga, mr. sardinha, por que esse nariz tão comprido por que comprimidos oh por que não baques soltos sobre arranha céus oh por que sempre os sétimos céus de piruetas verborrágicas
as misses antropofágicas tiravam as roupas que os jesuítas lhes davam por julgarem-nas anti-higiênicas
oh por que sim por que sem por que sempre assim oh
Páginas
- Início
- Quem sou
- Desconjunto
- Rumor da casa
- Depois da água
- Entre o vento e o peso da página
- Lugares ogros
- Squirt
- O sono de Cronos
- Vestida do avesso
- Oficinas
- Infantil
- Soundcloud
- Vídeo
- Da linha do tempo
- Não alimente a escritora
- #declaraçõesdesnecessárias
- As avessas
- Memórias dos meus cios
- Oponente + Isto
- Performances | vídeo
quinta-feira, 19 de junho de 2014
quinta-feira, 12 de junho de 2014
domingo, 8 de junho de 2014
Não adianta vir dizer que os pedacinhos se resolvem. Colar descolar uns dos outros, como mármores coloridos de repente mosaicos sem pastilha, mosaicos só cabelos braços pernas mãos todas feitas de giz pastel e sabonete. Sabonete porque. Inútil desfazer o limo musgo casca graxa gosma de sobre os dias sem: ponta de cabeça, tela aberta no branco, gotas dipirônicas e papeis desamassados. Cola branca, por favor. E nada de pasta acrílica. Empresta-me tua tesoura. Macarrão de vez em quando. Tinta piso também serve. E os esmaltes, brilha Conchita. Os recortes sim, senhor. E não me venha dizer que Matisse, nunca mais. Porque esses trechos todos são de corpos. Amontoados ou não. Pedacinhos meio homem, meio mulher, despedacinhos. Pensamentos. Traços no vácuo que podem refletir estrelas quando a gente olha, assim, de bom humor.
domingo, 1 de junho de 2014
[aqui há só registros de processos. imagens que tento e treino e outras horas namoradas. e os textos são feitos durante/após, colando e descolando-se dessas aglomerações de cores e formas. são registros de montes de momentos que se esvaem sem muita solução, só dão a forma, são a forma. quero dizer, tudo rascunho, tudo instantâneo, sem muita norma.]
[agora, porque não era assim. esse blog era uma gritaria e depois tanto silêncio. achei o jeito de mantê-lo vivo, por enquanto.]
sábado, 31 de maio de 2014
porque a partir dos parquets se vai longe. cada sulco, areia. porque poeira é fenda. segredo gosta de cinza, restos de comida, e patas de baratas, caixas há séculos fechadas e manuscritos que também não cabem, tão cabais os momentos de não se encontrar com ser vivente. e é por isso que a partir dos parquets se percorrem parques nunca imaginados. porque debaixo dos sapatos vive um mapa complicado de aspirações a outros mundos. porque quem imprime a poeira do tempo é deus. e ele está sempre distraído atrás dos passos tropicados, das prostitutas, de quem se possa proteger só com palavras. elas caem, um dia. porque os parquets não moram fora. para varandas, há cimentos, táboas, pisos frios e frisos onde molha a chuva.
terça-feira, 27 de maio de 2014
Depois da Água
Este é o teaser do Depois da Água, feito em parceria com os artistas Guilherme Doze e Luize Zanette. É o primeiro de um conjunto de três vídeos que nasceram dessa parceria através do prêmio Elisabete Anderle da FCC acompanhando o nascimento do livro Depois da Água. Em breve postarei aqui o segundo da série, um videopoema com pouco mais de 2min.
sexta-feira, 23 de maio de 2014
desaprendi a estar sentada como a gente aprende a comer doces sob o vento sul. porque a cintura às vezes não cabe, desencaixa debaixo de ombros. e porque as janelas tremem sob a pressão das árvores que se tomam, diabólicas, de movimentos interjeições e coberturas. esse enquadramento simples, caixilho com vidraça, aconchego de avelãs, caldas e muito quentes esses chocolates. tudo porque o tempo vira. e debaixo de telhas a vida é mais pequena. tudo porque, de repente, a brisa desencaixa, e há ombros, pernas, braços, abraços, pequenos movimentos de pés e de sobrancelhas. o dia dança, desde de manhã, sem sobrosso.
domingo, 18 de maio de 2014
garras na garganta
agonizando
figura geométrica ou quase
quantificação dos cílios
perícia dos instantes
peripécia bárbara
bigorna do tempo relógio
lógica difusa entre dentes
demônio da situação
nas demoras consagradas
do cotidiano
garras na garganta
porque o tempo é grave
é de não dizer
é desfazer as grades
e as simetrias
é de engolir espadas
e águas frias
é de engodo padrão, é de
porquês no lodo
é um tempo lambisgóico
são gotas de momento
que não sussurram
garras na garganta
de molhos agridoces
de salsas e de palmas
que sempre reverberam
no vácuo
são garras escorregadias
que ninguém vê
que ninguém sopra
que sobram de bolhas
de sabão
são brisas altruístas rótulos
tipos de mercado e
parafusos são fusos
horários que não encaixam
na garganta
são granadas enganadas
e são nadas que pesam
como livros de coucher
como lindos avisos
e louças de casamento
são momentos idos,
são tios do instante e sobrinhos
são sobras e sucos
de pontas de canetas
alfinetes na garganta
gargalos de garrafas
e coisas congeladas
como preços no passado
como tempos abraçados e
montes de momentos
pétreos e féretros
que engolem
engolem
engolem
sábado, 10 de maio de 2014
sábado, 3 de maio de 2014
nem sempre é fácil gerenciar a coleção de nuvens. elas às vezes escapam de dentro das gavetas, das frestas dos diários, da caixa com bilhetinhos e ingressos de museu. um dia, uma nuvem azul me pediu desculpas. fugida, eu a reencontrara no corredor da faculdade. ela fazia as costas perfeitamente. outras vezes, um fiapo de nuvem torceu o pescoço dentro do banheiro. outras vezes, ela se alinhou, um suspiro para cada costela, a nuvem ereta geralmente esconde alguma coisa. uma curva dentro do corpo pode explodir: vira mapa. vira estrada. cruza pontes que não são de ferro. e também acontece de alguma nuvem em estado de emergência pousar na tela, em dias especiais.
isso tudo, escrever dias depois da imagem, algo assim de passagem para não sobressobrar, nem soçobrar este blog, lembrou-em este poema simplinho do Desconjunto:
musa pós-moderna
num soneto de Camões
lendas techno
em saudades Gonçalves Dias
um antigo sonho casamenteiro
arde na internet
desintegram-se formas do Quattrocento
integro-me às sobras para ser. é assim, não bem assim.
ele fez o atlas e depois enlouqueceu
a sobrevida das sobrevivências: séculos empilhados no fundo rosa da colagem. aliás não fundo: só pastiche de mim camadas de vermelho bem diluído sobre o branco o branco o branco o branco impossível de desfazer.
sábado, 12 de abril de 2014
domingo, 6 de abril de 2014
o Senhor Censura de autoflagelou quando, de manhã, as páginas puídas de notícias anos 70 se desfizeram de zelo, correram assim feira livre, sinuosas e brandas com café e carícias por todas as esquinas desse país de passados rabiscados e palavras lacradas a chave e cisma, como lombrigas, na escuridão rútila dos dias verde oliva. todos os editoriais se distanciaram daqueles que corriam assim a là pasolini, e sem pausa.
quarta-feira, 2 de abril de 2014
segunda-feira, 17 de março de 2014
Exposição
Segue aberta até dia 23 a minha exposição no espaço Lindolf Bell do Centro Integrado de Cultura / CIC, em Florianópolis.
Estou apresentando fotografias que foram realizadas sob a estimulante supervisão da artista Maria Lucila Horn, que além de professora no Ceart/UDESC é organizadora do festival Floripa na Foto, que este ano ocupou todos os espaços expositivos do CIC, promoveu palestras e workshops com fotógrafos de alto quilate. Conheça o festival aqui.
Estou expondo dez imagens e um poema - ou, como prefiro pensá-los, onze poemas que fazem parte do contexto Depois da água. São experiências com light painting, ou seja, fotografias produzidas no escuro com o auxílio de iluminação manipulada por mim durante a longa exposição. Muitas das imagens são autorretratos, compostos assim, de maneira bastante performática na solidão da casa anoitecida.
O livro, que está atualmente no prelo pela Editora Nave através do prêmio Elisabete Anderle, trará um caderno de imagens no qual novas disposições desse trabalho fotográfico serão oferecidas aos leitores.
quarta-feira, 12 de março de 2014
tapin²
O poeta francês Julien d'Abrigeon criou o site T.A.P.I.N, durante os anos noventa, a fim de divulgar poetas contemporâneos com produção constante e interessante dentro e fora do livro. Abrigando principalmente autores europeus e latino-americanos, o site teve um recesso de muitos anos e volta hoje sob a forma de tapin².
Conheça o site aqui.
Criadores de várias nacionalidades apresentam trabalhos de poesia fora do livro, principalmente em vídeo, performance e áudio. Com eixos e referências diversas, todos são poetas contemporâneos ativos, que produzem linguagens heterogêneas.
Uma honra poder integrar a empreitada com um poema sonoro, um vídeo (feito em parceria com Danielle Sibonis) e um registro de poesia falada. Confira minha participação aqui.
sábado, 8 de março de 2014
Depois
Há coisas que não cabem
nos olhos da professora.
A bomba que retumba
na beira do mar:
impossível
aprender a olhar.
Depois: ser um corpo
ter a pele
andar sobre a areia.
Depois: ver o dentro
no escuro, rastro, dobra
ou seio ou imagem de sereia.
Como ensinar o tempo.
Há coisas que sobram,
lições soçobram:
só vendo, ou sendo.
sábado, 22 de fevereiro de 2014
Vídeo Mundial Poético de Montevideo

A TevéCIUDAD, canal estatal uruguaio, realizou vídeos com os poetas que participaram do primeiro Mundial Poético de Montevideo, evento organizado por Martín Barea Mattos e equipe, em novembro de 2013.
Meu vídeo foi filmado na Ciudad Vieja. Apresento 3 poemas breves do livro Depois da água.
Assista aqui.
domingo, 16 de fevereiro de 2014
Assinar:
Postagens (Atom)