domingo, 29 de março de 2020





É o meu mar que você cheira, desavergonhado, enquanto massageia as pernas com óleo,  fingindo que não vai mais mergulhar a ponta da sua língua no meu segredo. E adia o seu deserto, carregando o peito aberto e bom debaixo do sol forte. E de repente você cruzou oásis e agora penumbra com sua língua essa noite azulada do meu dentro. Afasta com as mãos serenas as superfícies pelas quais passou, para se refrescar, translúcido, e sua com seu sol salgado sob os meus tremores, e pergunta se estou bem, mas não sei responder a esse estado assim absorto nas miragens. Vejo que é um sol, o seu, de irradiações lilases que se alastram pelas minhas extremidades, e também se proliferam de manhã, no meu peito agora dissolvido e bom debaixo do seu sol. O dia nasce e você passeia as pontas dos seus dedos na minha face, suado e satisfeito por ter conseguido me salvar do seu naufrágio.