A lua cresceu
entre nós.
Acordei na vereda e verti,
dos seus cabelos tão secos
e cheios de nós, entre nós,
as suas pontas duplas. E a lua.
A lua escorreu seu caldo
de noite entre nós, chorume,
fez ambíguas
as suas palavras,
e você
cortou os cabelos
com a pontas dos próprios dentes.
A serra das falas manchou
o que eu tinha de mar
entre as pernas.
Senti a secura na pele
e a lua
insistente, em nós,
uivou também, foi sumindo,
sorrindo,
até que inaugurou
esse nada
onde eu poderia, finalmente,
nadar.
Você
se dispersou no universo.